sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Irmãos gêmeos

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Irmãos gêmeos 
Quando é bom incentivar as diferenças dos clones naturais

Ana Luisa Damasceno
18/11/03
Um a cada 90 nascimentos é de irmãos gêmeos. Idênticos ou não, o certo é que quem tem um gêmeo raramente está sozinho. Desde o útero até o dia-a-dia - em casa e na escola - os irmãos estão sempre juntos. Isso pode ser bom, mas também pode trazer problemas.
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Solidão existencial
A psicóloga Ana Stuart alerta: quem tem irmão gêmeo não sente solidão existencial. "Existem momentos em que você só pode contar com si mesmo. O gêmeo não tem isso, ele está sempre acompanhado de alguém". Isso pode ser bom, porque a criança aprende a confiar no outro e a buscar ajuda para os problemas. "Mas e quando o irmão está longe? Isso representa uma dificuldade muito grande para quem é gêmeo".
A comerciante Valéria Pires Granzinolli Matos viveu isso no ano passado. Suas filhas gêmeas, Laís e Luísa, de 5 anos, estudavam na mesma sala. Até que Laís foi sorteada para fazer uma avaliação do Ministério da Educação. Luísa se passou pela irmã e até assinou "Laís" na prova. A professora só descobriu porque a verdadeira Laís se entregou na hora de preencher a ficha: "eu não sabia se o nome da minha irmã era com 'z' ou com 's'. Então escrevi meu nome na lista". As meninas foram separadas e agora estudam em salas de aula diferentes.
Valéria conta que, mesmo muito parecidas, as filhas apresentam personalidades muito diferentes. "A Luísa é a líder. Ela age, quer tudo do seu jeito. Já a Laís é mais calma, e com doçura consegue o que quer".
Iguais sim, mas diferentes também
A mesma data de aniversário é a única coisa em comum entre os gêmeos Bruno e Júlia. Eles não são idênticos - nem no visual e muito menos na personalidade. "Eu não saberia dizer o que eles têm em comum", confessa a mãe, Mary Cristina Corrêa. "O Bruno é mais agitado, largado e faz amizades mais fácil. Já a Júlia é desconfiada, não se entrega facilmente. Ela também é muito vaidosa".
Os gêmeos de quatro anos concordam com a mãe. "Ele não parece comigo não", diz Júlia. Na hora de responder se gosta de ter um irmão com a mesma idade, a menina nem pensa muito e diz, rápido: "Gosto. É bom ter com quem brincar. Só não gosto quando ele mexe nas minhas coisas".
A psicóloga Ana Stuart explica que manter a identidade dos gêmeos é fundamental. "O pai deve evitar roupas iguais". Para a psicóloga, os pais têm um papel fundamental no processo. "Os gêmeos têm uma dependência muito grande um do outro. Cabe aos pais salientar as diferenças entre eles, mas sempre com elogios". Ana Stuart alerta que as comparações pejorativas são perigosas.
A comerciante Valéria diz que as suas filhas já estão nessa fase de construção de identidade. "Elas têm gostos diferentes, que se refletem na personalidade". Dentro de casa as duas se vestem de maneira diferente. "Luísa é mais vaidosa e Laís não dispensa um moletom". Mas quando o assunto é sair, a coisa muda de figura. "Por saber que chamam a atenção, elas fazem questão de se vestir igual", diz a mãe. A sessão de fotos é prova disso.
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Especialistas dão as dicas de como desenvolver identidades separadas:
Cada criança deve ter a sua própria roupa, e não devem se vestir sempre iguais. Talvez isso não tão ruim quando eles são pequenos, mas com o tempo pode aumentar a confusão de muitas pessoas que convivem com os irmãos.
Os objetos devem ser identificados com os nomes e guardados em locais diferentes. Assim cada um vai saber onde estão as suas coisas, e diferenciar o que é seu do que é do irmão.
Cada um deve ter os seus próprios brinquedos. Se tudo for de ambos, fica difícil para os gêmeos pensarem em si mesmos como pessoas diferentes.
Sempre chamar cada criança pelo seu nome e nunca como "os gêmeos". É vital que na escola os professores e os colegas saibam diferenciar um do outro pela roupa, cor da mochila ou material escolar.
Nos aniversários, também aconselha-se a preparar duas tortas, cantar "feliz aniversário" duas vezes e dar dois presentes diferentes. Os convidados devem ser alertados também. Nada frusta mais um irmão gêmeo do que ter que dividir um presente de aniversário.
Mesmo sabendo que as crianças devem ter experiências separadas, às vezes é difícil planejar férias diferentes, por exemplo. Mas é possível que o pai saia para passear com um dos filhos enquanto o outro fica com a mãe. Além disso, os pais podem compartilhar momentos em separado com as crianças dentro de casa mesmo.
Da mesma forma é importante que a criança compartilhe momentos em separado com outros adultos e crianças. Isso se aplica, especialmente, quando um dos gêmeos é mais extrovertido que o outro.
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