sexta-feira, 28 de março de 2014


gemeoas australiana

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Gêmeas idênticas australianas compartilham de tudo: desde namorado até cirurgias plásticas
A maioria dos gêmeos que conheço fazem de tudo para exibir as diferenças, mas esse não é o caso das australianas Anna e Lucy DeCinque, que nasceram com a diferença de um minuto e quecompartilhar tudo: uma conta no Facebook, um emprego, uma casa, um carro, e até mesmo um namorado. Elas sempre frequentaram as mesmas escolas e estão também matriculadas no mesmo curso de beleza na faculdade. Ou seja, não se desgrudam para nada.

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E, como se não fosse suficiente que sejam naturalmente idênticas, elas gastaram mais de 200 mil dólares (468 milreais) em cirurgias plásticas só para acentuar ainda mais a semelhança entre uma e outra.

Anna e Lucy vivem com sua mãe em Perth, Austrália Ocidental. As duas irmãs são tão parecidas que até mesmo o pai tinha dificuldade para distingui-las, apesar de que Lucy tenha uma pequena verruga na bochecha e Anna tenha uma cicatriz na testa.

- "Nossa mãe sempre foi capaz de nos diferenciar", diz Lucy.   - "Mas, o papai, nem tanto. Ele dizia: 'Quem é você?'" Os ex-namorados sempre tiveram que se esforçar para identificá-las e elas se divertiam com isso:

- "Quando éramos mais jovens nos divertíamos muito. Quando ficávamos entediadas, trocávamos de namorados e os bobos nem percebiam", diz Lucy.

- "Às vezes eu não queria atender o telefone, Anna atendia e fingia ser eu e a outra pessoa nunca percebe. Adorávamos fazer essa brincadeira, mas agora estamos mais calmas."

E o que as irmãs querem dizer com "calma" é que agora elas compartilham um namorado e uma cama.

- "Estamos namorando um rapaz no momento", diz Anna. - "Há três pessoas na nossa relação. Estamos adorando."

As irmãs dizem que isso não é muito estranho para elas:

- "Nós namoramos o mesmo cara e compartilhamos a mesma cama. Nós temos o mesmo gosto em tudo, então, obviamente, vamos gostar do mesmo homem também."

As gêmeas dizem que nunca se cansam uma da outra, mesmo que estejam sempre juntas, nunca se separam mais do que alguns metros de distância.

- "É claro que brigamos. Quando você está com alguém 24 horas por dia uma hora os nervos afloram e sai da frente... Mas nós sempre fazemos as pazes rapidinho", diz Lucy. A única vez que tiverem um traço de individualidade foi quando aos 12 anos de idade Anna optou por manter seu cabelo longo, enquanto Lucy cortou. Mas isso foi apenas uma ocorrência estranha.

Quando as meninas fizeram 24 anos, elas se inspiraram em Kim Kardashian e deram uma turbinada nos seios com mais de 1 litro em cada um. Nesse mesmo ano elas perderam o pai para o câncer.

Os tratamentos de beleza já se tornaram um assunto normal para as gêmeas. Elas sempre passam por um extenso regime conjunto para manter sua aparência. Frequentemente fazem bronzeamento artificial, microdermoabrasão epeelings na pele para manter essa imagem de borracha intacta. Elas também seguem exatamente a mesma dieta e rotina de exercícios para que seus corpos pareçam idênticos.

- "Nós gostamos de cuidar de nós mesmos, que mulher não gosta?", diz Anna.

Mas elas não são viciadas apenas em tratamentos de beleza, as gêmeas adoram vestir-se bem também. Seu guarda-roupa está transbordando de mini-vestidos, plataformas e saltos agulha de grife.

- "Nós nunca usamos a mesma roupa duas vezes quando saímos", diz Lucy. - "Tudo tem que ser novo. Quando vamos comprar roupas, Anna já sabe que eu gosto de um certo modelo." Na verdade, os seus gostos são tão semelhantes que elas até pararam de comprar presentes uma para a outra.

- "Sempre acabamos comprando a mesma coisa, assim não tem graça", ri Anna.

Pode parecer que as irmãs sejam um pouco obcecadas com a aparência, mas também têm um coração de ouro. Depois de cuidar de seu pai por tanto tempo, elas decidiram trabalhar no cuidado de idosos, já que são extremamente simpáticas e têm muito jeito para a função. Felizmente, a sua aplicação conjunta foi aceita para que elas compartilhem o emprego e também o salário. Todo o dinheiro que ganham ajuda a financiar a sua rotina de beleza.

Dada a quantidade de tempo que passam cuidando delas mesmas, não é surpreendente que recebam muita atenção dos homens.

- "Quando saímos, sempre topamos com um monte de caras dizendo que querem se casar ou ficar com qualquer uma ou com as duas", ri Anna. - "Sempre também nos deparamos com meninas chegando e perguntando: 'Onde você comprou essa roupa amiga? Nossa, arrasou!' Elas adoram nosso estilo." Mas a conexão entre Anna e Lucy vai muito além do estilo. Elas dizem sentir a dor da outra também.

- "Se Lucy vai ao dentista, vou sentir a sua dor", explica Anna.

Especialistas avisaram às gêmeas que a proximidade pode não ser muito boa para elas, especialmente se uma delas se casar ou pior, morrer. Mas elas não parecem incomodadas com tais considerações. Tanto que Lucy diz:

- "Nós não podemos imaginar um dia em que não estejamos uma em companhia da outra. E, para ser honesta, eu acho que isso nunca vai acontecer."
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Gêmeas idênticas australianas compartilham de tudo: desde namorado até cirurgias plásticas 26
Fonte: Huff Post.


Leia mais em: Gêmeas idênticas australianas compartilham de tudo: desde namorado até cirurgias plásticas (26 fotos) - Metamorfose Digital http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30767#ixzz3K0v1vVAy

domingo, 23 de março de 2014


Se considerarmos o nosso DNA como um imenso teclado de piano

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Se considerarmos o nosso DNA como um imenso teclado de piano no qual as teclas são os genes – cada uma delas simbolizando um segmento de DNA responsável por determinada nota, ou característica, e todas as teclas se combinando para fazer de nós o que somos –, então os processos epigenéticos determinam o momento e o modo em que cada tecla pode ser acionada, alterando a melodia que está sendo tocada.
Uma das maneiras pelas quais o estudo da epigenética vem revolucionando o entendimento da biologia é o esclarecimento de um mecanismo pelo qual o ambiente afeta diretamente os genes. Estudos com animais, por exemplo, mostraram que as tensões sofridas por uma fêmea de rato durante a gravidez podem provocar mudanças epigenéticas no feto, as quais por sua vez ocasionam problemas comportamentais no roedor adulto. Outras alterações parecem ocorrer de modo aleatório – como se entrasse areia nas engrenagens entre os contextos inatos e os adquiridos. Ainda outros processos epigenéticos são normais, como aqueles que vão guiando as células embrionárias enquanto se transformam em órgãos, como o coração, o cérebro, o fígado. “Durante a gravidez, mudanças devem ocorrer à medida que as células se diferenciam e se tornam tecidos especializados, e sabemos que isso requer uma sequência de programas epigenéticos”, diz Andrew Feinberg, diretor do Centro de Epigenética da Faculdade de Medicina Johns Hopkins.
A pesquisa de Feinberg tem como alvo um determinado processo epigenético denominado “metilação do DNA”, que, já se sabe, torna mais ou menos intensa a expressão dos genes. Para entender a relação disso com o autismo, Feinberg e seus colegas na faculdade estão usando escâneres modernos e computadores para identificar, nas amostras de DNA de gêmeos autistas, os “marcadores” epigenéticos, aqueles pontos ao longo do genoma nos quais a metilação altera o padrão de expressão dos genes.
O objetivo desse estudo, ainda em andamento, é determinar se indivíduos com autismo grave, como John, possuem um perfil de metilação diferente do encontrado nas outras pessoas. Em caso afirmativo, isso poderia explicar por que ele acabou se tornando tão diferente do irmão. Apesar de partilharem o mesmo teclado, seus corpos estão tocando melodias distintas.
Essa é uma nova e promissora abordagem, comenta Arturas Petronis, o responsável pelo laboratório de epigenética do Centro de Dependência e Saúde Mental de Toronto. Há algum tempo os pesquisadores sabem que transtornos complexos, como o autismo, são herdáveis. No entanto, um exame exaustivo das próprias sequências de DNA não mostrou por que motivo gêmeos como Sam e John apresentam divergência tão acentuada de comportamento. “Após 30 anos de estudos genéticos moleculares, conseguimos explicar apenas 2% ou 3% da predisposição herdada no caso de transtornos psiquiátricos”, diz ele. O restante continua sendo um mistério.
Apenas agora os cientistas começam a entender de que modo os processos epigenéticos se relacionam com transtornos complexos como o autismo. A boa notícia é que alguns desses processos, ao contrário das nossas sequências de DNA, podem ser alterados. Os genes transformados pela metilação, por exemplo, podem às vezes ser reativados com relativa facilidade. E, embora isso talvez ainda não ocorra no futuro próximo, a esperança é de que um dia os equívocos epigenéticos possam ser consertados de modo tão simples quanto a afinação de um piano.

Escrito a lápis e a caneta

Na Festa dos Gêmeos, Danielle Reed está a postos diante de uma barraca de pesquisa com uma prancheta, solicitando aos gêmeos que participem de seu estudo de bebidas alcoólicas. Não faltam candidatos e ela vai inscrevendo um par após outro. Formada em genética, Danielle já trabalhou com muitos gêmeos ao longo dos anos e tem uma ideia precisa do quanto aprendemos com as pesquisas dos gêmeos. “É bastante evidente, quando levamos em conta os gêmeos, que grande parte do que partilham é inata”, diz ela. “Muitas coisas a respeito deles são as mesmas, e são inalteráveis. Mas também é óbvio, quando se passa a conhecê-los melhor, que há neles coisas diferentes. Para mim, os processos epigenéticos estão na origem de muitas dessas diferenças.”
Danielle atribui à pesquisa realizada por Bouchard o atual recrudescimento de estudos de gêmeos. “Foi ele quem desbravou o caminho”, diz ela. “Esquecemos de que, há 50 anos, era comum considerar o alcoolismo e as doenças cardíacas como ocasionados pelo modo de vida. A esquizofrenia era tida como resultado de uma criação problemática. Os estudos com os gêmeos nos permitiram refletir melhor o que de fato é inato e o que é provocado pela experiência da pessoa.”


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As influências distintas da genética e da vida familiar estão sempre presentes em suas mentes, contam os casais. “Gostamos de pensar que fazemos diferença enquanto pais”, diz Allyson. Mas aí, no meio de uma conversa, Lily adota uma expressão igual à de Gillian, e Allyson de repente se lembra da gêmea de sua filha. “É sempre uma surpresa”, diz ela. “Às vezes fico toda arrepiada.”

O terceiro componente

O fato de Lily e Gillian serem tão semelhantes, apesar de criadas por famílias diferentes, enfatiza a herança genética partilhada pelos univitelinos. Todavia, para dois irmãos em Maryland, a situação é bem oposta. Embora criados na mesma família, esses gêmeos idênticos não poderiam ser mais distintos. O que poderia ser tão forte que supera o efeito conjunto do inato e do adquirido? “Hoje, no recreio, vi uma nuvem cumulus congestus”, diz Sam, conversando comigo enquanto esperamos seu irmão, John, chegar da escola. “Ela era enorme. Aí ela virou nimbo-estrato.”
Com 6 anos, olhos faiscantes e de óculos, Sam fala como um professor de meteorologia. As nuvens são a sua paixão mais recente. Antes foram os trens, o espaço e os mapas. Nos últimos tempos, ele vem se dedicando a ler pouco a pouco toda uma enciclopédia infantil, recolhendo dados como um esquilo que acumula nozes.
Ambos os gêmeos estão no primeiro ano, mas frequentam escolas diferentes, de modo que John possa receber toda a atenção de que precisa. (Os pais dos meninos pediram que não publicássemos o nome da família.) Quando o ônibus escolar estaciona diante da casa, John corre para dentro, e Sam o recebe com um abraço afetuoso. John ri, mas não diz nada. Quando Sam o solta, ele corre até a caixa com animais de pelúcia. Finalmente, ele está de volta a seu mundo.
Os dois meninos foram diagnosticados como portadores de transtorno do espectro autista pouco antes de completar 2 anos. Os sintomas de John são bem mais graves, incluindo agitação incessante e dificuldades para falar e manter contato com o olhar. Sam tem problemas também, sobretudo de relacionamento. Não surpreende que partilhem esse transtorno de desenvolvimento. De acordo com as pesquisas, quando um gêmeo idêntico é diagnosticado com autismo, há 70% de probabilidade de o mesmo ocorrer com o outro.
Ninguém sabe o que causa tal transtorno, diagnosticado em uma a cada 100 crianças. Embora se considere que fatores hereditários desempenhem papel relevante, os especialistas acreditam que o autismo possa ser desencadeado por fatores ambientais pouco conhecidos. Um estudo de gêmeos realizado em 2011 na Califórnia sugere que as experiências no útero e no primeiro ano de vida talvez tenham impacto relevante.
Para os pais de John, é possível mesmo que tenha ocorrido algo assim. Nascido com um defeito congênito no coração, ele foi submetido a uma cirurgia com 3 meses e meio de vida e, a seguir, tratado com medicamentos fortes para combater uma infecção. “Nos seis primeiros meses de idade, o ambiente de John foi bem diferente daquele vivido por Sam”, conta o pai dos meninos.
Logo depois de Sam e John terem sido diagnosticados, seus pais os inscreveram em um estudo do Instituto Kennedy Krieger, em Baltimore. Amostras de sangue dos meninos foram enviadas a uma equipe, na vizinha Universidade Johns Hopkins, que pesquisava a conexão entre autismo e processos epigenéticos – ou seja, reações químicas desvinculadas tanto dos fatores inatos como dos adquiridos, mas que configuram o que os pesquisadores batizaram de “terceiro componente”. Essas reações influenciam o modo como se expressa o nosso código genético: como cada gene é fortalecido ou debilitado ou mesmo ativado ou desativado para formar os ossos,o cérebro e todos os órgãos do corpo.

tudo sobre gemeos

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As influências distintas da genética e da vida familiar estão sempre presentes em suas mentes, contam os casais. “Gostamos de pensar que fazemos diferença enquanto pais”, diz Allyson. Mas aí, no meio de uma conversa, Lily adota uma expressão igual à de Gillian, e Allyson de repente se lembra da gêmea de sua filha. “É sempre uma surpresa”, diz ela. “Às vezes fico toda arrepiada.”

O terceiro componente

O fato de Lily e Gillian serem tão semelhantes, apesar de criadas por famílias diferentes, enfatiza a herança genética partilhada pelos univitelinos. Todavia, para dois irmãos em Maryland, a situação é bem oposta. Embora criados na mesma família, esses gêmeos idênticos não poderiam ser mais distintos. O que poderia ser tão forte que supera o efeito conjunto do inato e do adquirido? “Hoje, no recreio, vi uma nuvem cumulus congestus”, diz Sam, conversando comigo enquanto esperamos seu irmão, John, chegar da escola. “Ela era enorme. Aí ela virou nimbo-estrato.”
Com 6 anos, olhos faiscantes e de óculos, Sam fala como um professor de meteorologia. As nuvens são a sua paixão mais recente. Antes foram os trens, o espaço e os mapas. Nos últimos tempos, ele vem se dedicando a ler pouco a pouco toda uma enciclopédia infantil, recolhendo dados como um esquilo que acumula nozes.
Ambos os gêmeos estão no primeiro ano, mas frequentam escolas diferentes, de modo que John possa receber toda a atenção de que precisa. (Os pais dos meninos pediram que não publicássemos o nome da família.) Quando o ônibus escolar estaciona diante da casa, John corre para dentro, e Sam o recebe com um abraço afetuoso. John ri, mas não diz nada. Quando Sam o solta, ele corre até a caixa com animais de pelúcia. Finalmente, ele está de volta a seu mundo.
Os dois meninos foram diagnosticados como portadores de transtorno do espectro autista pouco antes de completar 2 anos. Os sintomas de John são bem mais graves, incluindo agitação incessante e dificuldades para falar e manter contato com o olhar. Sam tem problemas também, sobretudo de relacionamento. Não surpreende que partilhem esse transtorno de desenvolvimento. De acordo com as pesquisas, quando um gêmeo idêntico é diagnosticado com autismo, há 70% de probabilidade de o mesmo ocorrer com o outro.
Ninguém sabe o que causa tal transtorno, diagnosticado em uma a cada 100 crianças. Embora se considere que fatores hereditários desempenhem papel relevante, os especialistas acreditam que o autismo possa ser desencadeado por fatores ambientais pouco conhecidos. Um estudo de gêmeos realizado em 2011 na Califórnia sugere que as experiências no útero e no primeiro ano de vida talvez tenham impacto relevante.
Para os pais de John, é possível mesmo que tenha ocorrido algo assim. Nascido com um defeito congênito no coração, ele foi submetido a uma cirurgia com 3 meses e meio de vida e, a seguir, tratado com medicamentos fortes para combater uma infecção. “Nos seis primeiros meses de idade, o ambiente de John foi bem diferente daquele vivido por Sam”, conta o pai dos meninos.
Logo depois de Sam e John terem sido diagnosticados, seus pais os inscreveram em um estudo do Instituto Kennedy Krieger, em Baltimore. Amostras de sangue dos meninos foram enviadas a uma equipe, na vizinha Universidade Johns Hopkins, que pesquisava a conexão entre autismo e processos epigenéticos – ou seja, reações químicas desvinculadas tanto dos fatores inatos como dos adquiridos, mas que configuram o que os pesquisadores batizaram de “terceiro componente”. Essas reações influenciam o modo como se expressa o nosso código genético: como cada gene é fortalecido ou debilitado ou mesmo ativado ou desativado para formar os ossos,o cérebro e todos os órgãos do corpo.

os gemeos jim

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Há pouco tempo, contudo, novos estudos de gêmeos contribuíram para levar os cientistas a uma inusitada e radical conclusão, de teor quase herético: a de que o inato e o adquirido não são as únicas forças básicas em jogo. De acordo com uma recente disciplina denominada “epigenética”, há um terceiro fator também relevante, o qual, em alguns casos, serve de ponte entre o ambiente e os genes, e, em outros, atua de forma isolada para nos moldar.

Os gêmeos Jim

A ideia de usar os gêmeos para avaliar a influência da hereditariedade remonta a 1875, quando o cientista inglês Francis Galton foi o primeiro a sugerir tal abordagem (e também o primeiro a usar a expressão “inato e adquirido”). No entanto, foi na década de 1980 que os estudos de gêmeos tomaram uma direção surpreendente, após a descoberta de vários gêmeos idênticos que haviam sido separados logo após o nascimento.
A história teve início com o caso de dois irmãos, ambos chamados Jim. Nascidos em Piqua, Ohio, em 1939, Jim Springer e Jim Lewis foram adotados ainda bebês e criados por casais diferentes, que, por acaso, lhes deram o mesmo nome. Quando Jim Spring retomou o contato com o irmão aos 39 anos, em 1979, eles constataram uma série de outras semelhanças e coincidências. Ambos tinham 1,80 metro de altura e pesavam 82 quilos. Quando crianças, tiveram cães chamados Toy e passaram férias com a família na praia St. Pete, na Flórida. Depois, mais velhos, ambos se casaram com mulheres chamadas Linda, e depois se divorciaram. Suas segundas esposas tinham o mesmo nome: Betty. E os dois batizaram os filhos com os nomes de James Alan e James Allan. Ambos trabalharam como policiais em meio período, gostavam de realizar projetos de marcenaria, sofriam de dores de cabeça intensas, fumavam cigarro Salem e bebiam cerveja Miller Lite. Embora usassem o cabelo de modo distinto – o de Jim Springer tinha franja; Jim Lewis penteava o seu para trás –, eles eram donos do mesmo sorriso torto, suas vozes eram indistinguíveis e ambos compartilhavam o hábito de deixar pela casa bilhetes amorosos para as esposas.
Assim que ouviu falar dos dois irmãos, o psicólogo Thomas Bouchard, da Universidade de Minnesota, os convidou a seu laboratório em Minneapolis. Ali, ele e sua equipe submeteram os irmãos a uma bateria de testes que confirmou as similaridades. Embora tenham crescido isolados um do outro, os gêmeos Jim, como vieram a ficar conhecidos, parecem ter seguido as mesmas trilhas. “Lembro-me de estar sentado a uma mesa quando aqui chegaram pela primeira vez”, conta Bouchard. “Ambos tinham as unhas roídas até o talo. Nenhum psicólogo lhes perguntaria isso, mas ali estava, à vista de todos!”
A essa altura, os pesquisadores haviam descoberto outros gêmeos separados após o nascimento e só reunidos quando adultos. No decorrer de duas décadas, 137 pares de gêmeos acabaram visitando o laboratório de Bouchard para o que se tornou conhecido como o Estudo Minnesota de Gêmeos Criados em Separado. Eles foram submetidos a vários testes de capacidade intelectual: vocabulário, memória visual, aritmética e rotação espacial. Passaram por exames de capacidade pulmonar e cardíaca e de monitoramento das ondas elétricas cerebrais. Completaram testes de personalidade e de QI, e foram entrevistados sobre sua vida sexual. No total, cada gêmeo foi bombardeado com mais de 15 mil questões.
Depois de acumular essa montanha de dados, Bouchard, Segal e seus colegas passaram a tentar desvendar alguns dos enigmas mais complexos da natureza humana: por que algumas pessoas são felizes e outras tristes? Por que algumas são extrovertidas e outras tímidas? Quais são em geral os fatores determinantes da inteligência? A chave da abordagem deles foi um conceito estatístico denominado “herdabilidade”. De modo resumido, a herdabilidade de uma característica reflete em que medida as diferenças entre os membros de uma população são explicáveis por questões genéticas. Comparando a probabilidade de gêmeos idênticos partilharem determinada característica com a mesma chance envolvendo gêmeos fraternos, os pesquisadores podem calcular quanto tal diferença se deve à variação genética. A altura de uma pessoa, por exemplo, com frequência é estimada em 0,8 – o que significa que 80% das diferenças de altura entre indivíduos de uma determinada população são oriundas de distinções em seus genótipos.
Quando examinaram os dados da inteligência dos gêmeos, Bouchard e sua equipe chegaram a uma conclusão polêmica: no caso de pessoas criadas na mesma cultura, e que tiveram as mesmas oportunidades, as diferenças de QI refletiam em grande parte diferenças herdadas, mais que diferenças na criação ou na formação. Usando dados coletados em quatro testes distintos, eles obtiveram um resultado de herdabilidade de 0,75 no caso da inteligência, indicando assim forte influência da hereditariedade. Isso ia em sentido contrário ao da opinião predominante entre os comportamentalistas, segundo a qual nosso cérebro seria no início tábula rasa que com o tempo ia sendo moldada pela experiência. Ainda mais alarmante para alguns, a sugestão de que a inteligência estava ligada à hereditariedade evocava as infames teorias dos movimentos eugênicos no início do século 20 na Inglaterra e nos Estados Unidos, que defendiam a melhoria do genótipo coletivo por meio da reprodução seletiva.
Outra questão examinada pelos pesquisadores foi a influência da criação nos níveis de inteligência. Ao comparar gêmeos idênticos criados em famílias diferentes, como os dois Jim, com aqueles criados na mesma família, eles constataram que os resultados de QI nos pares eram similares. Não é que não fizesse diferença em qual família os gêmeos haviam sido criados. Isso não implicava, logo se apressaram a dizer Bouchard e sua equipe, que os pais não tinham nenhum impacto nos filhos. Sem um ambiente de amor e apoio, nenhuma criança consegue desenvolver seu potencial completo, dizem. Mas, quando se trata de explicar por que certo grupo de crianças obteve resultados de QI distintos, 75% da variação devia-se à genética, e não à formação.

no primeiro fim de semana de agosto

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Todo verão, no primeiro fim de semana de agosto, milhares de gêmeos afluem a Twinsburg (“Vila dos Gêmeos”), no estado de Ohio, um vilarejo a sudeste de Cleveland assim batizado por dois gêmeos idênticos quase dois séculos atrás. Eles vão chegando em pares para a Festa dos Gêmeos, uma maratona que se estende por três dias, com piqueniques, espetáculos e concursos de semelhança, e que se tornou uma das maiores reuniões de gêmeos em todo o mundo.
Dave e Don Wolf, de Fenton, no estado de Michigan, frequentam o festival há anos. Como a maioria dos participantes, eles adoram ficar juntos. Na verdade, nos últimos 18 anos, os irmãos de 53 anos, ambos motoristas de caminhão, percorreram juntos 5 milhões de quilômetros, transportando as mais diversas cargas pelos Estados Unidos. Enquanto um deles assume a direção do Freightliner a diesel, o outro aproveita para tirar uma soneca no beliche da cabine. Ambos costumam ouvir no rádio as mesmas estações de country gospel, defendem idênticas opiniões republicanas ultraconservadoras e, na estrada, se alimentam com uma dieta de linguiça, maçã e queijo cheddar. Nos períodos de folga, saem juntos para caçar e pescar. Esse modo de vida acabou se mostrando conveniente a ambos.“Deve ser coisa de gêmeos”, comenta Don.
Em uma das tardes da festa em Twinsburg, os irmãos param diante de uma barraca de pesquisa montada pelo FBI, a Universidade de Notre Dame e a Universidade da Virgínia Ocidental. No interior da tenda branca, técnicos estão fotografando pares de gêmeos, recolhendo suas impressões digitais e escaneando a íris de seus olhos a fim de comprovar se os programas digitais mais avançados de reconhecimento facial conseguem distingui-los. “Embora os univitelinos pareçam iguais, um sistema de imageamento digital consegue detectar diferenças ínfimas em sardas, poros ou curvatura das sobrancelhas”, diz o pesquisador Patrick Flynn. Por enquanto, todavia, até mesmo os mais avançados sistemas podem se equivocar devido a alterações na iluminação, em expressões faciais e outras complicações no reconhecimento facial de gêmeos ou de outros.
Os barbudos irmãos Wolf são um caso especialmente difícil. E isso parece-lhes divertido. “Depois que fizeram a foto”, conta Dave, “perguntei a um deles o que aconteceria se eu cometesse um crime e depois fosse para casa raspar a barba – conseguiriam provar que era eu? O cara me olhou de esguelha e disse: ‘Talvez não, mas isso não é motivo para sair por aí cometendo crimes’.”

Inato ou adquirido?

Flynn e seus colegas não são os únicos cientistas ali presentes. Com aval dos promotores do evento, vários outros se instalaram em um estacionamento próximo ao local da festa. Em uma barraca vizinha à do FBI, pesquisadores solicitam aos gêmeos que provem de pequenos cálices com bebidas alcoólicas a fim de constatar se reagem do mesmo modo ao gosto. Ao lado, médicos de Cleveland entrevistam irmãs gêmeas sobre questões de saúde feminina. No lado oposto do estacionamento, um dermatologista da multinacional Procter & Gamble faz perguntas a um par de gêmeos sobre problemas de pele.
Para esses cientistas, e pesquisadores biomédicos de todo o mundo, os gêmeos oferecem uma valiosa oportunidade de se distinguir a influência dos genes e do ambiente – ou seja, do inato e do adquirido. Como os gêmeos idênticos, ou univitelinos, se originam de um único óvulo fertilizado que se divide em dois, na prática eles possuem o mesmo código genético. Qualquer diferença entre eles – como um dos dois ter a pele com aparência mais jovem, por exemplo – deve ser explicada por fatores ambientais, como o fato de ter passado menos tempo ao sol.
Por outro lado, ao comparar as experiências dos gêmeos idênticos com as dos gêmeos fraternos, ou bivitelinos, que se originam de óvulos distintos e partilham em média metade do DNA, os pesquisadores têm a possibilidade de determinar em que medida os genes afetam diretamente a nossa vida. Se, no que se refere a uma disfunção orgânica, os gêmeos idênticos são mais similares entre si que os fraternos, então, eles concluem, a vulnerabilidade à doença deve estar baseada, pelo menos em parte, na hereditariedade.
Essa vertente de pesquisa – o estudo das diferenças entre univitelinos para se identificar a influência do ambiente e a comparação entre univitelinos e bivitelinos para se avaliar o papel da herança genética – foi crucial para o entendimento da interação dos fatores inatos com os adquiridos na determinação de personalidade, comportamento e propensão a doenças.

no primeiro fim de semana de agosto

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Todo verão, no primeiro fim de semana de agosto, milhares de gêmeos afluem a Twinsburg (“Vila dos Gêmeos”), no estado de Ohio, um vilarejo a sudeste de Cleveland assim batizado por dois gêmeos idênticos quase dois séculos atrás. Eles vão chegando em pares para a Festa dos Gêmeos, uma maratona que se estende por três dias, com piqueniques, espetáculos e concursos de semelhança, e que se tornou uma das maiores reuniões de gêmeos em todo o mundo.
Dave e Don Wolf, de Fenton, no estado de Michigan, frequentam o festival há anos. Como a maioria dos participantes, eles adoram ficar juntos. Na verdade, nos últimos 18 anos, os irmãos de 53 anos, ambos motoristas de caminhão, percorreram juntos 5 milhões de quilômetros, transportando as mais diversas cargas pelos Estados Unidos. Enquanto um deles assume a direção do Freightliner a diesel, o outro aproveita para tirar uma soneca no beliche da cabine. Ambos costumam ouvir no rádio as mesmas estações de country gospel, defendem idênticas opiniões republicanas ultraconservadoras e, na estrada, se alimentam com uma dieta de linguiça, maçã e queijo cheddar. Nos períodos de folga, saem juntos para caçar e pescar. Esse modo de vida acabou se mostrando conveniente a ambos.“Deve ser coisa de gêmeos”, comenta Don.
Em uma das tardes da festa em Twinsburg, os irmãos param diante de uma barraca de pesquisa montada pelo FBI, a Universidade de Notre Dame e a Universidade da Virgínia Ocidental. No interior da tenda branca, técnicos estão fotografando pares de gêmeos, recolhendo suas impressões digitais e escaneando a íris de seus olhos a fim de comprovar se os programas digitais mais avançados de reconhecimento facial conseguem distingui-los. “Embora os univitelinos pareçam iguais, um sistema de imageamento digital consegue detectar diferenças ínfimas em sardas, poros ou curvatura das sobrancelhas”, diz o pesquisador Patrick Flynn. Por enquanto, todavia, até mesmo os mais avançados sistemas podem se equivocar devido a alterações na iluminação, em expressões faciais e outras complicações no reconhecimento facial de gêmeos ou de outros.
Os barbudos irmãos Wolf são um caso especialmente difícil. E isso parece-lhes divertido. “Depois que fizeram a foto”, conta Dave, “perguntei a um deles o que aconteceria se eu cometesse um crime e depois fosse para casa raspar a barba – conseguiriam provar que era eu? O cara me olhou de esguelha e disse: ‘Talvez não, mas isso não é motivo para sair por aí cometendo crimes’.”

Inato ou adquirido?

Flynn e seus colegas não são os únicos cientistas ali presentes. Com aval dos promotores do evento, vários outros se instalaram em um estacionamento próximo ao local da festa. Em uma barraca vizinha à do FBI, pesquisadores solicitam aos gêmeos que provem de pequenos cálices com bebidas alcoólicas a fim de constatar se reagem do mesmo modo ao gosto. Ao lado, médicos de Cleveland entrevistam irmãs gêmeas sobre questões de saúde feminina. No lado oposto do estacionamento, um dermatologista da multinacional Procter & Gamble faz perguntas a um par de gêmeos sobre problemas de pele.
Para esses cientistas, e pesquisadores biomédicos de todo o mundo, os gêmeos oferecem uma valiosa oportunidade de se distinguir a influência dos genes e do ambiente – ou seja, do inato e do adquirido. Como os gêmeos idênticos, ou univitelinos, se originam de um único óvulo fertilizado que se divide em dois, na prática eles possuem o mesmo código genético. Qualquer diferença entre eles – como um dos dois ter a pele com aparência mais jovem, por exemplo – deve ser explicada por fatores ambientais, como o fato de ter passado menos tempo ao sol.
Por outro lado, ao comparar as experiências dos gêmeos idênticos com as dos gêmeos fraternos, ou bivitelinos, que se originam de óvulos distintos e partilham em média metade do DNA, os pesquisadores têm a possibilidade de determinar em que medida os genes afetam diretamente a nossa vida. Se, no que se refere a uma disfunção orgânica, os gêmeos idênticos são mais similares entre si que os fraternos, então, eles concluem, a vulnerabilidade à doença deve estar baseada, pelo menos em parte, na hereditariedade.
Essa vertente de pesquisa – o estudo das diferenças entre univitelinos para se identificar a influência do ambiente e a comparação entre univitelinos e bivitelinos para se avaliar o papel da herança genética – foi crucial para o entendimento da interação dos fatores inatos com os adquiridos na determinação de personalidade, comportamento e propensão a doenças.