sábado, 27 de outubro de 2012


Biologia da Gemelaridade

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TERÇA-FEIRA, ABRIL 10, 2012

"Biologia da Gemelaridade" Por Carla Franchi Pinto

Várias teorias já foram sugeridas a fim de explicar os mecanismos determinantes da gemelaridade e para encontrar similaridades na origem de dizigóticos e monozigóticos (gêmeos idênticos e fraternos). 

Fatores ambientais como idade materna, paridade, grupo étnico, antecedentes reprodutivos, uso de anticoncepcionais, tratamento para indução da ovulação, gravidez pré-nupcial, classe social e estatura materna foram descritos como predisponentes à gemelaridade. Por outro lado, vários modelos de herança genética da predisposição à gemelaridade também já foram sugeridos.

Um par de gêmeos dizigóticos, gerados a partir de dois zigotos distintos, apresentarão a mesma similaridade de irmãos sucessivos possuindo, em média, 50% de seus genes em comum, podendo apresentar sexos iguais ou discordantes, de acordo com os espermatozóides que fecundaram os óvulos. Podem, inclusive, ter pais diferentes, se os ovócitos forem fecundados por espermatozóides de homens diferentes durante o período de ovulação.

Quando o embrião, por fatores ainda pouco conhecidos na espécie humana, sofre uma divisão irregular até o 15º dia da fecundação, dá origem a gêmeos monozigóticos que, devido à similaridade de seu patrimônio genético, são sempre do mesmo sexo. A frequência de nascimentos de gêmeos no Brasil parece estar estabilizada, pelo menos nos últimos 70 anos.

Porém, quando se observa apenas os dizigóticos, a incidência desses nascimentos vem caindo drasticamente desde 1925 na região Sul do Brasil, tendendo a uma queda menos acentuada de 1989 a 1993. Por outro lado, a incidência de monozigóticos está, desde 1970, em franca ascensão, após um período de declínio que durou até 1950. Esse aumento da incidência de monozigóticos, também observado na Europa, foi atribuído por muitos ao uso de anticoncepcionais orais.

Quando usados por muito tempo, os anticoncepcionais diminuiriam a motilidade tubária e afetariam o epitélio do oviduto, retardando o transporte do ovócito e do zigoto, bem como a implantação do embrião. O retardamento da implantação do embrião é bem estabelecido nos tatus; esses animais sempre geram uma poliembrionia de quatro gêmeos monozigóticos.

A detecção de fatores que predisponham à poliovulação parece mais fácil do que a dos responsáveis pela ocorrência de monozigóticos. O envelhecimento do zigoto ou do óvulo ainda dentro do folículo parece estar pelo menos em coelhos. Assim, quando o envelhecimento ovular, o atraso da ovulação e da fertilização interferem na qualidade do ovo ou ovócito, afetam a formação do embrião, causando a gemelaridade.

Tese de doutoramento sobre a “incidência, sazonalidade, razão de sexo e outros aspectos da biologia da gemelaridade”, da médica especialista em gemelologia Carla Franchi Pinto, resultou em um importante estudo sobre os nascimentos múltiplos. A tese foi orientada por Bernardo Beiguelman, pioneiro no estudo de gêmeos no país, que orientou a maioria dos trabalhos brasileiros publicados, inclusive internacionalmente, sobre a Biologia da Gemelaridade. 

Fonte: Revista CREMESP - 2003 / Foto Ilustrativa

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