sexta-feira, 26 de outubro de 2012


gemeos energia em dose dupla

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Gêmeos: Energia em dose dupla

Ao longo da infância, os impactos são nítidos: trabalho dobrado e ainda menos horas de sono, gastos duplicados com mensalidades escolares, brinquedos etc. Porém, além da óbvia multiplicação de esforços – e também de alegrias – de quem foi escolhida para padecer duplamente no paraíso, os efeitos de ter filhos gêmeos começam muito antes do que a matemática pode explicar.

O modo como a gravidez se desenrola em uma gestação de gêmeos difere ligeiramente da que se refere a apenas um bebê. Algumas intercorrências podem ser mais frequentes, como enjoos e vômitos, aumento da pressão arterial, anemia materna é elevação do volume do líquido amniótico.

Problemas mais delicados também podem ser diagnosticados. É o caso da síndrome de transfusão feto-fetal, que se manifesta na gravidez de gêmeos ligados por uma placenta única e cujos vasos apresentam comunicações anormais. A consequência é a distribuição desigual de sangue entre os fetos, onde um deles passa ser o doador e o outro, o receptor.

"Esse desequilíbrio faz com que o feto doador cresça bem menos e tenha uma quantidade menor de líquido amniótico do que o outro. A complicação dessa síndrome não acomete diretamente a mãe, mas, sim, os fetos", explica a ginecologista e obstetra Tereza Fontes.

Se não tratada, a síndrome aumenta drasticamente a chance de morte não só do feto doador (seja dentro do útero ou logo após o nascimento) mas também do receptor, pelo excesso de sangue que recebe.

Para tratar, é bom ficar atenta no acompanhamento pré-natal. Mas a doença não é regra e, na maioria das vezes, o maior problema enfrentado por grávidas de gêmeos é somente um cansaço extremo, acompanhado de falta de ar, e a dificuldade de dormir em função do tamanho da barriga.

"Em relação ao bebê, pode haver uma maior chance de eles nascerem prematuros e terem um peso menor, mesmo quando a gestação completa os nove meses. Por isso, a gestação de gemelares deve ser acompanhada com muito mais cautela", aconselha a Dra. Tereza.

Não foi o que aconteceu com a contabilista Elizabeth Bello, que aos 30 anos teve filhos gêmeos: os meninos nasceram com 2,9 kg e 2,85 kg. A única coisa que ela reporta é uma intercorrência no início da gravidez e, no final, dificuldade para dormir. "Nos dois primeiros meses tive que ter um pouco de cuidado porque apresentei uma pequena perda de sangue, mas foi só. Depois, tudo foi absolutamente normal", conta.

A única coisa que incomodou Elizabeth foi ter de lidar com sua nova circunferência. "Uma barriga enorme me impedia de dormir deitada no último mês. Ficava recostada", completa.

Amamentação

amamentação é outro momento em que a mulher sente as diferenças de ter gêmeos. É comum a reclamação da dificuldade de prover leite suficiente para dois ou mais nenéns, e muitas das novas mamães acabam recorrendo à complementação com leite em pó.

Segundo a Dra. Tereza, a produção adequada de leite na amamentação pode, sim, acontecer e depende essencialmente do bom funcionamento da glândula mamária. "É fundamental que a mama tenha uma resposta normal aos estímulos dos hormônios placentários durante a gestação para que ocorram as transformações necessárias capazes de torná-la apta a produzir leite em quantidade e qualidade suficientes para alimentar os bebês. Esta produção também depende de uma nutrição adequada da mulher durante a gestação e no período de aleitamento", diz a especialista.

Ela reconhece que, quanto maior o número de fetos, menor é a probabilidade de produzir leite em quantidade adequada, já que a gestação múltipla em humanos, diferentemente de outras espécies, é exceção. "O importante é que sempre se estimule o aleitamento materno independentemente da necessidade de complementação alimentar, visto que o leite materno transfere nutrientes e anticorpos insubstituíveis aos do leite artificial ou de outras espécies animais", enfatiza a médica.

Isso ficou claro para Elizabeth nos primeiros anos de seus gêmeos. Em função de um problema de saúde que teve logo após o parto, ela ficou internada, e seus filhos, em casa. Por isso, demorou quase um mês para começar a amamentá-los. "Talvez por não serem logo amamentados, tiveram problemas digestivos e hérnia umbilical. Cada vez que choravam, o umbigo crescia e ficávamos apavorados. Corríamos logo para atender a criança. Com isso, se tornaram muito exigentes", conta.

Passadas essas etapas, a única coisa com que a mulher tem de se preocupar é com o trabalho, que vem em dose dupla. "Durante o primeiro ano fiquei muito cansada e desesperada. Mas a verdade é que passou muito rápido, e, quando dei por mim, já estavam na escola", encerra a mãe de Benjamim e Jeremias, hoje com 25 anos.

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